Gordura no fígado: a epidemia silenciosa ainda pouco conhecida no Brasil
Doença já afeta 1 em cada 3 pessoas no mundo. No Brasil, pesquisa revela desinformação sobre exames e aumento de fatores de risco como sobrepeso e obesidade
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Siga noEsta quinta-feira (12/5) marca o Dia Internacional de Combate à Gordura no Fígado, uma doença silenciosa potencialmente grave — popularmente conhecida como gordura no fígado — que já afeta cerca de um terço da população mundial, cresce em ritmo de epidemia global e, se não tratada, pode evoluir para quadros graves que levam à necessidade de transplante. No Brasil, os reflexos desse cenário são alarmantes: em 2023, o país bateu recorde com 2.365 transplantes de fígado, mas o número ainda é menos da metade da demanda estimada, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), evidenciando o avanço da doença e o crescimento preocupante da fila de espera.
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A esteatose hepática é considerada uma epidemia silenciosa porque, nos estágios iniciais, geralmente não causa sintomas — o que dificulta o diagnóstico precoce. Com a progressão da doença, no entanto, sinais como cansaço excessivo, fraqueza, fadiga e até hemorragias podem surgir. Quando não diagnosticada e tratada, a doença pode evoluir para inflamação no fígado (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e até câncer hepático. Em estágios mais avançados, pode levar à falência do órgão e à necessidade de transplante. Estima-se que até 2030, a esteato-hepatite seja a principal causa de transplantes de fígado.
Para ampliar o entendimento sobre a gordura no fígado no Brasil, a Novo Nordisk realizou uma pesquisa em parceria com o Instituto Datafolha. Os dados revelam um cenário preocupante: 61% da população nunca fez ou não sabe quais exames detectam a gordura no fígado — mesmo que 62% dos respondentes afirmem que ficariam muito ou extremamente preocupados com esse diagnóstico. Entre os fatores mais citados como possíveis causas da doença estão o excesso de peso (58%) e o consumo de bebidas alcoólicas (46%).
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Marcela Caselato, diretora médica da Novo Nordisk, alerta que os dados reforçam uma preocupação crescente. “De fato, o excesso de peso e o consumo de álcool são fatores de risco importantes para o desenvolvimento da gordura no fígado. E é justamente por isso que os resultados da pesquisa são tão alarmantes”, afirma. O estudo revelou que 66% dos brasileiros apresentam sobrepeso ou obesidade — um aumento de 11% em relação ao ano anterior, com base no Índice de Massa Corporal (IMC) calculado a partir do peso e altura informados pelos participantes. Além disso, 55% da população declarou consumir bebida alcoólica, percentual que sobe para 57% entre aqueles com sobrepeso ou obesidade, o que pode agravar o quadro clínico.
A especialista reforça que os dados da pesquisa evidenciam um importante alerta: “É fundamental que os pacientes compreendam que qualquer nível de gordura no fígado representa um risco significativo para a saúde como um todo — incluindo o aumento da incidência de doenças cardiovasculares, diversos tipos de câncer (não apenas o hepático) e formas progressivas da doença hepática relacionada à gordura”, afirma Marcela. Ela destaca que a atenção deve ser redobrada em pessoas com fatores de risco como obesidade, diabetes tipo 2, alterações em exames hepáticos, histórico familiar de doenças no fígado, consumo excessivo de álcool e dietas ricas em ultraprocessados, açúcares e gordura saturada.
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Uma vez diagnosticada, a condição pode ser controlada — e até revertida, nos estágios iniciais da doença — principalmente por meio de mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle do peso. “O acompanhamento médico é essencial, pois a maioria das pessoas diagnosticadas com a doença em estágio inicial não desenvolverá complicações graves, se gerenciadas adequadamente.
O diagnóstico pode ser feito por clínicos gerais, endocrinologistas, hepatologistas ou gastroenterologistas, que podem solicitar exames laboratoriais e de imagem para avaliar o grau da doença. Além disso, o manejo adequado também envolve o controle de comorbidades associadas, como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol elevado”, diz a médica.
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