GARGALO

BH tem potencial, mas poucas estruturas para eventos, dizem organizadores

Profissionais apontam vantagens que o turismo de negócios poderia trazer para a capital mineira

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Há algumas décadas, Belo Horizonte é apontada como potencial palco de eventos de grande porte e destino promissor para o turismo de negócios. Isso, devido à posição relativamente central da capital mineira no território nacional e também à extensa malha aérea que a pelo Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana. Porém, para profissionais do ramo ouvidos pela reportagem, esses fatores, ainda que positivos, não bastam: eles apontam problemas de infraestrutura, que impedem o crescimento do ramo na cidade.
 

"Esse potencial nunca foi desenvolvido, nunca foi colocado realmente na sua plenitude", opina Eduardo Zech, diretor de marketing e operações da Panda Inteligência em Eventos. "Penso que é uma visão um tanto míope dos governantes, em nível tanto municipal quanto estadual, de não enxergar esse potencial de geração até mesmo de impostos", lamenta. "Essas empresas, essas organizações, estão, literalmente, deixando dinheiro na mesa", alerta o especialista.

Para ele, faltam espaços para públicos superiores a 1.000 pessoas. Essa é justamente a capacidade do Minascentro, de modo que a única alternativa para eventos de grande porte,acaba sendo o Expominas: "é um espaço versátil. Ele tem uma área para se montar um auditório; você consegue fazer só um congresso lá, mas, se quiser uma feira associada a um congresso, você pode alugar só um pavilhão, ou dois, ou os três pavilhões, a área de fora; ele tem várias opções", avalia.


Porém, apesar de apontar qualidades no Expominas, o especialista pondera que o local é insuficiente para a demanda. "Estão atingindo, ali, um nível em que não há mais para onde crescer; e são eventos que têm um potencial ainda de crescimento gigantesco", pontua. "E o Minascentro tem um auditório muito bom, foi reformado recentemente, mas tem realmente uma área muito limitada no entorno para se fazer uma feira associada", opina.
 
 
Fachada do Minascentro, em Belo Horizonte
Minascentro tem bom auditório, mas falta área para a realização de feiras e exposições Agência i7/Divulgação
 
 

Zech vislumbra até um terreno para receber um novo centro de eventos. "Houve, há pouco tempo, a desativação do aeroporto do Carlos Prates, e ali seria um espaço excelente para se fazer uma uma estrutura desse nível. Você tem uma condição de logística muito interessante, ao lado do anel rodoviário. Seria uma uma grande conquista para a cidade", afirma.

Rede hoteleira

Outra crítica feita por Zech vai para a rede hoteleira. Não que faltem quartos em Belo Horizonte: o problema é a ausência de empreendimentos capazes de concentrar, em um só local, várias centenas de visitantes."Você tem um, no máximo, dois hotéis na cidade que têm capacidade para hospedar 1.000 pessoas, com auditório ou algum espaço onde possa ser montado auditório", lamenta. "Isso é muito desejado quando as organizações querem fazer congressos para um público grande, porque é muito cômodo para o participante: ele simplesmente pega o elevador e já está dentro do evento", explica.

  

Renato Villamarim, sócio-fundador da Guia MKT Promocional, tem opinião parecida. Para ele, Belo Horizonte é uma cidade vocacionada ao turismo de negócios, mas a demanda é maior que a oferta de espaços, principalmente nos últimos anos. "O mercado de eventos cooperativos, no pós-pandemia, voltou muito forte, muito vigoroso. O mundo está muito digital, as pessoas estão muito nas telas, então, o presencial ganhou força", elucida.

As alternativas propostas por Villamarim são a construção de um espaço aos moldes do Expominas, só que ainda maior, ou então a ampliação daquela estrutura. "O Expominas é um equipamento fundamental para a cidade, importante. Eu acho que ele tem potencial até para crescer: depende da decisão do governo em investir", sugere.

 

"A gente precisa de grandes equipamentos, que possam comportar eventos maiores até dos que a gente já tem hoje. Acho que esse é um grande gargalo em Belo Horizonte", prossegue o especialista. "A gente precisa, realmente, de mais estruturas de grande porte, exatamente para trazer eventos que fazem a diferença para a economia da cidade", complementa.
 
 
 
Quanto à rede hoteleira, Villamarim novamente emite um parecer semelhante ao de Zech: "Belo Horizonte, depois da Copa do Mundo, evoluiu muito significativamente na oferta de leitos", pondera. "Por outro lado, sem dúvida, um centro de convenções com um hotel integrado é outro ponto que fortalece: o equipamento fica mais completo e versátil", conclui.

 

O que diz o poder público

 
 
Procurada pelo Estado de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) citou duas estruturas recentemente inauguradas com investimentos particulares: o Contemporâneo Hall, que, na verdade, situa-se no Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana, e o Espaço La Vista, no Belvedere, na Região Centro-Sul da capital. "A Secretaria de Desenvolvimento Econômico acompanha o andamento de projetos junto aos órgãos municipais para a construção de novos equipamentos por parte da iniciativa privada", ponderou.
 
 
 
 

A PBH pontuou ainda que desenvolve iniciativas para fomentar o setor de eventos e o turismo de negócios na cidade. Entre elas, oferece apoio financeiro para o setor, por meio do Edital de Patrocínio "Belo Horizonte - Cidade dos Eventos", e capacita profissionais via o Programa BH Receptiva. Ainda de acordo com o poder municipal, a Belotur está elaborando o Guia do Planejador, um catálogo que reunirá os espaços disponíveis para eventos técnico-científicos na capital.

A reportagem também pediu esclarecimentos ao Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, mas não recebeu resposta.

E a Serraria Souza Pinto?

 Fachada da Serraria Souza Pinto, no Centro de Belo Horizonte
Tradicional e localizada bem no Centro de Belo Horizonte, Serraria Souza Pinto permanece fechada Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press


Tradicional, a Serraria Souza Pinto, no hipercentro de Belo Horizonte, já sediou diversas mostras nas últimas décadas. Ainda que tenha área construída bem menor que o Expominas (4 mil m², ante 72 mil m²), poderia ser uma opção a mais para o setor de eventos na capital mineira. Em março de 2024, o imóvel, que era gerido pela Fundação Clóvis Salgado, foi concedido à iniciativa privada: o consórcio Nova Serraria, formado pelas empresas Revee e Integritate, venceu a licitação, mas o espaço segue fechado. 
 
 
 
 
 
 
Consultada pela reportagem, a Revee informou que, neste mês, dará início a intervenções preliminares de manutenção e reparo na Serraria Souza Pinto, dentro dos limites permitidos pelas autorizações atualmente vigentes. "Seguimos aguardando a aprovação dos órgãos de tombamento municipal para a realização do projeto completo de restauro e requalificação do espaço", informou a concessionária.
 
 
 
Ainda de acordo com a Revee, a reinauguração depende justamente da aprovação do projeto. "Estamos otimistas de que, com a devida tramitação junto aos órgãos competentes, a reabertura da Serraria Souza Pinto para a realização de eventos ocorrerá no início de 2026. Nesse contexto, a agenda de eventos para o calendário de 2026 será aberta ainda em 2025, tão logo as aprovações necessárias sejam concluídas", ponderou.
 
 

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