'Karaokétipos' convida você para soltar a voz e as neuras no palco
Atores interpretam personagens típicos da cena do karaokê, convocando a plateia para cantar e participar da festa em cartaz até domingo (20/4), na Funarte MG
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Siga noO karaokê geralmente atrai uma gama diversificada de pessoas. Há quem se sinta em um show de talentos, o grupo de amigos só interessado em azarar por lá, quem prefere só observar no cantinho, “intérpretes” cantando em inglês sem saber a letra e o funcionário que sempre dá uma palhinha.
Observando esses perfis, um grupo de seis atores de Belo Horizonte criou a peça “Karaokétipos”. Ambientada no bar, a segunda temporada começa nesta quinta-feira (17/4), depois de estrear durante a Campanha de Popularização Teatro & Dança, no início do ano. As sessões vão até o próximo domingo (20/4), na Funarte.
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Inicialmente pensada como cena curta de 10 minutos, a peça foi ganhando novos contornos até chegar à versão que o público poderá conferir no feriado da Semana Santa, com cerca de uma hora e meia de duração.
Transformar a cena curta em espetáculo completo foi um processo intenso, afirma o ator Arthur Barbosa. O grupo teve encontros longos, focados na pesquisa aprofundada dos personagens. “Personagens que, de alguma forma, são tipos, como já diz o próprio nome, ou arquétipos do karaokê. Nossa ideia foi pesquisar o que eles poderiam se tornar e como poderiam interagir”, explica.
Barbosa divide o palco com Ana Cecília, Ariana Santos, Cora Rufino, Gustavo Faraco e Jefferson Alda. “São personagens um pouco excêntricos, com um pé no absurdo também. É aí que entra o teatro, né? Para dar um tempero a mais a eles”, observa. A direção é de Tatá Santana.
O grupo chegou a um consenso: a peça não poderia ser encenada no teatro convencional. O cenário é um bar, de fato. Há mesas espalhadas, o público se instala nelas e a trama ocorre nesse ambiente. O pequeno palco recebe espectadores que se arriscam a cantar no microfone. Há venda de bebidas (alcoólicas ou não), além da distribuição de petiscos pelo próprio elenco.
Arthur diz que a participação do público é fundamental para o espetáculo, mas sem constrangimentos. O coletivo se baseou no chamado teatro de convívio – evolução do teatro interativo, que, muitas vezes, força a participação da plateia, deixando as pessoas desconfortáveis.
“Aqui, o público canta só se quiser. A ideia é colocar cada pessoa dentro da experiência da forma que for confortável para ela”, garante.
Barbosa interpreta Kântor, técnico de som que sonha em ser rockstar, adora cantar o clássico “Dream on”, da banda Aerosmith, e busca saber qual é o sonho da plateia.
Há também Angel (Jefferson Alda), frequentadora assídua de karaokês e aplicativos de relacionamento; Lola (Gustavo Faraco), garçonete e faz-tudo do bar; Ari (Ariana Santos), que sempre busca um par romântico; Cássia (Cora Rufino), dona do bar, fã de música em espanhol e de shots de tequila; e Alemão (Ana Cecília), boêmio fã de MPB.
“Todos os personagens falam, de alguma maneira, sobre o amor. Percebemos que quase todas as músicas cantadas em karaokês também falam disso”, comenta Arthur Barbosa.
Angel, Lola, Kântor, Ari, Cássia e Alemão circulam entre o público, rodeando as mesas. Fazem pequenos comentários e buscam estimular a participação da plateia. Em cima da mesa, o cardápio, de um lado, mostra bebidas à venda; do outro, as músicas disponíveis. As canções são divididas em três categorias: para amar, para sofrer e para dançar.
Novidade da segunda temporada é a inclusão de novas músicas queridinhas do público, entre elas “Caju”, sucesso da cantora Liniker.
“A gente nunca parou de ir ao karaokê juntos. Nossa pesquisa é contínua, queremos que ela se mantenha atual”, diz Arthur. O grupo tem visitado o Bar da Cácia, Calabouço, Pride, Casa Antiga e Bela, este localizado em uma das torres do edifício Sula, no Centro, revitalizado recentemente.
Hino oficial
Clássicos que nunca saem do repertório são “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, e “Você me vira a cabeça”, de Alcione. O público também é convidado a votar no hino oficial do karaokê. Nesse momento, entram canções fora do cardápio. Cada personagem defende com paixão a sua favorita.
A trupe promete noite leve, divertida e cheia de surpresas. “Queremos que cada pessoa saia com a sensação de que se permitiu, soltou algo guardado, de que se divertiu de verdade. No fim das contas, é isso o que todo mundo procura quando vai ao karaokê”, conclui Arthur Barbosa.
“KARAOKÉTIPOS”
Direção: Tatá Santana. Peça com Arthur Barbosa, Ana Cecília, Ariana Santos, Cora Rufino, Gustavo Faraco e Jefferson Alda. Desta quinta-feira (17/4) a sábado (19/4), às 20h; domingo (20/4), às 19h, na Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria.